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Um gosto de quero mais

"Olhos abertos, ouvidos atentos, coração batendo a mil, pressa, uma descoberta atrás da outra... esse é o gosto do quero-mais"


Era assim que a Editora FTD apresentava o livro, no seu texto de quarta capa, na primeira edição de Um gosto de quero mais, no ano de 1994. Fico surpresa quando vejo que o livro, agora, é também um adolescente. Surpresa porque na época em que foi feita a sua primeira versão, já havia a necessidade e a vontade de se abordar o tema gravidez na adolescêncianas escolas e na literatura juvenil mas, ao mesmo tempo, havia por parte dos editores e dos educadores um certo receio. "Como os professores reagirão ao livro? - perguntavam os editores. "Como os pais verão a adoção de um livro assim?" - questionavam os professores. Isto porque o tema, assim, tratado abertamente dentro das escolas, era relativamente novo. Abordar a questão era algo novo, não o tema, pois a gravidez precoce sempre existiu. Mas, consideradas todas as preocupações e tomando os cuidados que toda a literatura exige, o livro foi escrito e publicado. A história (provando que o problema é, de fato, antigo) era baseada em fatos vividos dentro da escola pela autora (eu), durante a sua adolescência. Na época, um caso de gravidez dentro da sala de aula era um acontecimento raro e perturbador! Devidamente romanceada, adaptada à época e bem pesquisada - não por acaso fiz Sociologia -, o livro foi publicado e vendeu timidamente nos primeiros anos. A adoção ainda era problemática, alguns poucos professores mais ousados trabalhavam com o livro; alguns pais reagiram. Porém, com o tempo, estando o assunto cada vez mais presente nas ruas, na mídia, nas escolas, este passou a ser meu livro mais vendido.

Em 2001, com atualizações - mais de dados estatísticos que de conteúdo - o livro foi reeditado com diagramação e capa modernas. Ares novos para novos leitores que, com sua leitura e as notícias que me mandam, o revitalizam. "Não fosse o seu livro, teria feito uma besteira!", escreveu uma menina recentemente, sem me dizer o que vinha a ser esta "besteira". Ela podia estar se referindo a transar sem proteção, a transar "antes da hora" (este tempo tão pessoal e indefinido). Mas também poderia estar se referindo a interromper uma gravidez não planejada. Fiquei sem saber. Na porta de uma escola, uma mãe me informou, sorrindo: "Todas nós, mães, também já lemos o seu livro, Sonia. Nossas filhas estão nessa idade aí de querer mais..."

De qualquer modo, a história - que é tão humana que não se faz datada -continua aí, transmitindo a gerações o drama de Darlene. Um drama que é narrado não por ela, mas por sua amiga, Cely, que cresce e amadurece partilhando com seu diário a experiência de Darlene e suas consequências, as reações das pessoas, os comentários da avó, o seu próprio entendimento, seus medos e segredos, suas críticas veladas e sua maior inveja: de também ela descobrir, vivendo, qual é o gosto de quero mais.


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